terça-feira, 27 de outubro de 2015

AS PALAVRAS DE JESUS NÃO SÃO SOMENTE PALAVRAS...


Sempre que ouvimos o Senhor, percebemos que Nele tudo é novo e perfeitamente diferente de tudo o que há; suas palavras, seus gestos, seu modo de ser revelam quem é Deus; como Ele age em meio a nossa naturalidade; e de quanto está próximo de cada um e de todos nós cada vez que o invocamos.
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Ora, a linguagem divina, sem dúvida alguma, difere claramente de nossa linguagem humana; todavia, como somos “sua imagem e semelhança”, o Senhor procura falar nossa linguagem injetando nela sua Sabedoria Eterna, para nos comunicar a Sua Santidade, tão necessária para entramos no seu Reino de amor. É como está escrito: “Aquele que vem de cima é superior a todos. Aquele que vem da terra é terreno e fala de coisas terrenas. Aquele que vem do céu é superior a todos. Ele testemunha as coisas que viu e ouviu, mas ninguém recebe o seu testemunho. Aquele que recebe o seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro. Com efeito, aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque ele concede o Espírito sem medidas.” (Jo 3,31-34).
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Logo, é exatamente essa linguagem que Jesus usa nas parábolas que conta, cada vez que o ouvimos nos santos Evangelhos proclamados. E por que Jesus fala em parábolas? Por ser um dos meios mais eficazes de comunicação, pois atinge a todos por suas analogias e conclusões. Dizer algo em parábolas é manter “in aeternum” aquilo que se quer ensinar, isto porque as palavras de Jesus não são somente palavras, elas são poder, virtudes, curas, milagres, sabedoria, discernimento; entendimento das coisas eternas a partir das coisas temporais; elas, na verdade, são o devir, ou o já e ainda não da escatologia.
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O bom de tudo isso é saber que, quando Jesus fala, Ele já comunica a graça que anuncia, ou seja, Sua Palavra já vem acompanhada da ação que incide sobre a quem foi dito ou ao que foi dito, como vemos nestes exemplos: “Vós já estás puros pela palavra que vos tenho anunciado” (Jo 15,3); “Jesus respondeu-lhe: Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha. Voltou ela para casa e achou a menina deitada na cama. O demônio havia saído.” (Mc 7,29-30);
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“Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” (Jo 20,21-23). “E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: ‘Silêncio! Cala-te!’ E cessou o vento e seguiu-se grande bonança.” (Mc 4,39).
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Por fim, não podemos esquecer que o Senhor pôs o paraíso dentro de cada um de nós, quando nos deu o livre arbítrio, que é o poder de decisão para permanecermos Nele ou não. E isto depende da escolha que fazemos: viver como filhos de Deus amando-o acima de todas as coisas por nossa obediência à Sua Sabedoria, expressa nas suas leis e mandamentos, e nos ensinamentos de Jesus, seu Filho amado; ou escolher permanecer no pecado, que consiste em não amar a Deus, pela desobediência aos seus mandamentos e às Palavras de Jesus.
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Portanto, quem vive na obediência aos santos mandamentos, seguindo a Cristo Jesus, está sob a proteção divina, porque a sua alma se torna o lugar de Deus por excelência. E onde Deus habita, não existe lugar para o mal. Porém, quem se entrega ao pecado não pode ver a Deus, porque o pecado é o esconderijo do diabo (cf. 1Jo 3,4-6).
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Então, quem poderá ver a Deus? Os que têm o coração puro, como diz o Senhor: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!” (Mt 5,8). E quem nos dá essa pureza de coração? O senhor mesmo, pois, quando nos deu o santo batismo, nos deu, para sermos santos como Ele é Santo (cf. Mt 5,48; Jo 15,3; 1Jo 3,3); só precisamos deixar que o Espírito Santo nos conduza nesta trajetória para o Reino de Deus e sua justiça. (cf. Rm 8,14-17).
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Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.
Fonte: http://brasilfranciscano.blogspot.com.br